domingo, 23 de agosto de 2009

Modelo de Solow

No me inquietó que no regresara aquella noche. Todos piensan que debería haberme inquietado. Pensé que habría encontrado algo que quería hacer. Volvería cuando quisiera. Las personas de su trabajo llamaron el lunes, cerca del mediodía. Yo no sabía dónde ella estaba. Llamó el jefe. Ella no había dejado ningún mensaje, ningún contacto. Me preguntó si había averiguado en la policía y los hospitales. Por qué motivo? A veces aparecen oportunidades, viajes, personas, y ganas de salir de lo cotidiano, olvidar trabajo, marido, por un tiempo. Unas horas después debí repetir todo para el policía que apareció en casa. Quiso revisar el cuarto. Lo dejé. Me preguntó qué tipo de matrimonio era el mío. Qué tipo de matrimonio era el mío?

quinta-feira, 30 de julho de 2009

Moderno

"Então o minhocão que era um lobisomem famoso principiou tremelicando ciou rabo e virou cachorro-do-mato. Escancarou a goela desencantada e saiu da barriga dele uma borboleta azul. Era alma de homem presa no corpo do lobo por artes do Carrapatu dedonho que pára na gruta do Iporanga."

"E devorou todas as pencas. E as bananas eram a sombra leprosa do mano Jiguê. Macunaíma ia morrer. Então se lembrou de passar a doença nos outros pra não morrer sozinho. Pegou numa formiga saúva e esfregou bem ela na ferida do nariz, formiga já foi gente que nem nós e a saúva ficou leprosa. Então o herói agarrou a formiga jaguataci e fez o mesmo. Jaguataci ficou leprosa também. Então foi a vez da formiga aqueque devoradora de sementes e da formiga guiquém, da formiga tracuá e da formiga mumbuca bem preta, todas ficaram leprosas. Não tinha mais formigas em redor do herói sentado. Ele ficou com preguiça de estender o braço porque já estava moribundo. Esperou a visita da saúde, criou força e pegou no mosquito birigüi mordendo o joelho dele. Passou a doença no mosquito birigüi. Por isso que agora quando esse mosquito morde a gente, entra na pele, atravessa o corpo e sai do outro lado enquanto o furinho de entrada vira na bereva medonha chamada chaga-de-Bauru."

Macunaíma, Mário de Andrade, 1926.

"A mulher é uma coisa misteriosa que chora sem razão, muda a toda hora de desejos e de voz e nunca aceita os meus carinhos e fica impassível diante de minhas desventuras pessoais."

Memórias sentimentais de João Miramar, Oswald de Andrade, 1924.

sexta-feira, 22 de maio de 2009

Mais algumas leituras and a song

"Agora, não é para demorá-la, mas, olhe, eu creio que devo explicar-lhe uma coisa. No dia em que houve aquela desgraça, a senhora estava assentada na sala baixa, e disse umas palavras. Não se lembra disso, é natural. Ninguém é obrigado a lembrar-se das palavras que diz. Mess Lethierry sofria muito. A verdade é que era um belo navio e prestimoso. O desastre aconteceu; a terra estava alvoroçada e compungida, são coisas que naturalmente se esquecem. Só havia aquele navio perdido na costa. Não se pode pensar sempre em um acidente. Somente o que eu queria dizer é que, como se dizia que ninguém era capaz de lá ir, eu fui. Diziam eles que era impossível; não era impossível aquilo. Agradeço-lhe o prestar-me atenção por alguns instantes. Compreende a senhora que se eu lá fui ao escolho, não foi para ofendê-la. Demais, a coisa data de longe. Eu sei que está com pressa. Se houvesse tempo, falaríamos, recordaríamos, mas isso de nada serve. A coisa data de um dia em que caiu neve. E depois eu passei uma vez, e cuido tê-la visto sorrir. É assim que tudo se explica." (Gilliat) Os trabalhadores do mar. Victor Hugo (tradução de Machado de Assis), 1866.

"O que eu fiz para conquistar essa mulher! Meses e meses... os gazais, o vinho para vencer a timidez... Ninguém queria aceitar... ninguém acreditava que um mascate pudesse atrair a filha do Galib. Ela foi corajosa, dicidiu. E eu acreditei... Só pensava nela, só queria ela... Depois a vida foi dando voltas, foi me cercando, me acuando... A vida vai andando em linha reta, de repente dá uma cambalhota, a linha dá um nó sem ponta. Foi assim... A morte do pai dela, o Galib... A morte à distância, a dor que isso causa, eu entendo... Um pai... eu nunca soube o que significa... não conheci nem pai nem mãe... Vim para o Brasil com um tio, o Fadel. Eu tinha uns doze anos... Ele foi embora, desapareceu, me deixou sozinho num quarto da Pensão do Oriente... Me agarrei na Zana, quis tudo... até o impossível. Essa paixão voraz como o abismo. Depois da morte do Galib, o Omar foi crescendo na vida dela..." (Halim) Dois imãos, Milton Hatoum, 2006.

"I´m leavin´ you to worry you off my mind. ´Cause you keep me worried troubled, troubled all the time... If you don´t believe I´m leavin´, just count the days I´m gone." Six White Horses, Moody, Clyde.

sábado, 27 de setembro de 2008

Para lembrar o que leio

"-Por que nos separaremos agora que estamos à porta do céu? perguntou Félix. Não me cabe o direito de exigir uma felicidade que repeli tantas vêzes; mas; se pudesse entrar na minha alma veria que os meus erros, por maiores que sejam, e são grandes, anima-os sempre um sentimento de amor, e que enfim eu cedo sempre ao grito de minha consciência. A mais bela ação seria perdoar-me esquecendo, e o único modo de esquecer seria voltarmos ao tempo de nossas esperanças. - Perdoei tudo, e tudo esqueci; apagou-se o passado e nenhum ressentimento me ficou. O que se não apaga é o futuro." Machado de Assis, Ressurreição (1872).

"Não houve nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez somente, para nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela". Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Citas para lembrar o que leio

"Trata-se de coisa mais alta, trata-se de uma experiência científica. Digo experiência, porque não me atrevo a assegurar desde já a minha idéia; nem a ciência é outra coisa, Sr. Soares, senão uma investigação constante. Trata-se, pois, de uma experiência, mas uma experiência que vai mudar a face da terra. A loucura, objeto dos meus estudos, era até agora uma ilha perdida no oceano da razão; começo a suspeitar que é um continente." Machado de Assis, O alienista.