Eu ando pelo mundo prestando atenção em cores que eu não sei o nome. Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores. Passeio pelo escuro. Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve. É como uma segunda pele, um calo, uma casca, uma cápsula protetora. Eu quero chegar antes pra sinalizar o estar de cada coisa, filtrar seus graus.
Eu ando pelo mundo divertindo gente, chorando ao telefone, e vendo doer a fome nos meninos que têm fome.
Pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela (quem é ela, quem é ela?), eu vejo tudo enquadrado. Remoto controle.
Eu ando pelo mundo e os automóveis correm para quê? As crianças correm para onde? Transito entre dois lados de um lado. Eu gosto de opostos. Exponho o meu modo, me mostro. Eu canto para quem?
Pela janela do quarto pela janela do carro pela tela pela janela quem é ela quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado. Remoto controle.
Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê? Minha alegria, meu cansaço? Meu amor, cadê você?
Eu acordei. Não tem ninguém ao lado.
Pela janela do quarto, pela janela do carro, pela tela, pela janela (quem é ela, quem é ela?) eu vejo tudo enquadrado. Remoto controle.
domingo, 9 de março de 2008
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