quarta-feira, 30 de maio de 2007

Notas sobre el pecado I (en borrador)

``Si nosotros mismos no sabemos condenarnos o absolvernos quién será capaz de hacerlo? Quién tiene tantos y tan recónditos elementos de juicio sobre nosotros mismos como nosotros mismos? Acaso no sabemos, desde el inicio y sin la menor vacilación, cuándo somos culpables y cuándo inocentes?''
Mario Benedetti, La borra del café (1992).

"Tião -- Medo, está bem Maria, medo! ... Eu tive medo sempre!... A história do cinema é mentira! Eu disse porque eu quero sê alguma coisa!... Não queria ficá aquí sempre, tá me entendendo? Tá me entendendo? (…) Minha Miss Leopoldina, eu quero bem!... Eu queria que a gente fosse que nem nos filmes!... Que tu risse sempre! Que sempre a gente pudesse andar no parque! (...) Eu traí... Porque tenho medo... Porque eu quero bem! Porque eu quero que ela sorria no parque pra mim! Porque eu quero viver! E viver não é isso que se faz aqui!"
Gianfrancesco Guarnieri, Eles não usam black-tie (1955).

terça-feira, 29 de maio de 2007

Annibal Augusto Gama, do livro Herança Jacente

Há uma arte de ir embora,
de botar o chapéu na cabeça
e sair de mansinho,
ou estrepitosamente,
batendo a porta da rua.

Sai enquanto é tempo,
enquanto as pessoas ainda estão alertas
e acham que é cedo.
Nunca é cedo, quase sempre é tarde,
muito tarde,
o café esfriou, o vinho azedou,
a fruta apodreceu.
Vai embora antes que te suceda,
no silêncio que se prolonga, contar uma anedota de vinte anos atrás.

Na esquina, sem olhar para trás,
faze um gesto largo,
um gesto de quem se libertou de tudo,
de todos, e de ti mesmo.

Nomics

``Todo intento de hacer más flexible y eficiente la administración no hacía más que hincharla y hacerla aún más indispensable...'' (sobre la URSS)
``La economía, aunque sujeta a exigencias de lógica y consistencia, ha florecido como una especie de teología -probablemente como la rama más influyente de la teología secular, en el mundo occidental- porque normalmente se puede formular, y se formula, en unos términos que le permiten rehuir el control de la verificación.''

Eric Hobsbawm, en Historia del Siglo XX (1995).

``Ante todo, nos falta la cultura y tradición espiritual y científica, somos intelectualmente atrasados y de ningún modo decadentes... Se mira a menudo con desprecio la especialización, única base del progreso real, deseando alardear de conocimientos universales, a base de memoria, que es superficial; en vez de saber bien algo, se suele ser ignorante en todo. Puede hablarse de cualquier cosa, pero no se comprende bien nada.''

Bernardo Houssay, discurso de 1929, de una compilación.

``Y nadie en el mundo posee tantos conocimientos como los sacerdotes del santuario de Apolo, por eso pueden prever el futuro. O bien determinarlo. El resultado es idéntico.''

Valerio Manfredi, en Aléxandros (1998).

segunda-feira, 28 de maio de 2007

Receita de moqueca de peixe, tomada de Rubem Fonseca, "A grande arte"

Dois quilos de badejo, dois quilos de camarao, um quilo de mexilhoes, meio quilo de tentaculos de lula, tem que ser o tentaculinho, aquela coisa cheia de perninhas, que parece um espermatozoide gigante, aquilo da um gosto especial a moqueca, duas xicaras de azeite de oliva, uma xicara de azeite de dende, duas cebolas grandes, um molho de salsa e cebolinha, um molho de coentro, tres denttes de alho, suco de dois limoes, meio copo de vodca, uma colher de pimenta-do-reino, duas pimentas-malaguetas, uma raspinha de gengibre, leite de coco.

Quer saber como eu preparo esse prato, que deixou o Nureyev enlouquecido quando eu o fiz para ele, por isso chama-se Moqueca a Nureyev, dai a vodca, os outros fazem-na com vinho branco -- quer saber o segredo?

Nao, obrigado.

Acho esse desinteresse uma grosseria.