sábado, 27 de setembro de 2008

Para lembrar o que leio

"-Por que nos separaremos agora que estamos à porta do céu? perguntou Félix. Não me cabe o direito de exigir uma felicidade que repeli tantas vêzes; mas; se pudesse entrar na minha alma veria que os meus erros, por maiores que sejam, e são grandes, anima-os sempre um sentimento de amor, e que enfim eu cedo sempre ao grito de minha consciência. A mais bela ação seria perdoar-me esquecendo, e o único modo de esquecer seria voltarmos ao tempo de nossas esperanças. - Perdoei tudo, e tudo esqueci; apagou-se o passado e nenhum ressentimento me ficou. O que se não apaga é o futuro." Machado de Assis, Ressurreição (1872).

"Não houve nada, mas ele suspeita alguma coisa; está muito sério e não fala; agora saiu. Sorriu uma vez somente, para nhonhô, depois de o fitar muito tempo, carrancudo. Não me tratou mal nem bem. Não sei o que vai acontecer; Deus queira que isto passe. Muita cautela, por ora, muita cautela". Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas (1881).